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Post de Leonard Boff, condenando Charlie Hebdo, pode ser fake

Publicado 11 janvier 2015 per Andrea Rego  • 1 870 visualizações

Nao entendo como razoável ver a França com os olhos do Brasil, sobretudo no que tange a Charlie Hebdo, um fiel representante da imprensa satírica deste pais, por tradição escrachada, irreverente, insolente. Posso compreender o brasileiro “comum”, apegado à moral cristã-puritana, chocar-se com as charges de Charlie, no mais me permito  algumas considerações.  No caso especifico, ao artigo de um certo El Rafo Saldaña, difundido supostamente por Leonardo Boff no blog leonardoBOOF.com, em uma rede social. Mais adiante explico a razão da incerteza em relação ao teólogo.
Me permito questionar, primeiro, porque não reconheço, nas argumentações do pretenso jornalista e na difusão supostamente feita por Boff , isenção na “defesa” que faz do Islã contra os “culturalistas » que tentam impor os valores ocidentais ao mundo todo”. Dois, porque a religião não esta no topo da discussão, sim a liberdade de expressão, a democracia.

A França e os mulçumanos

El Rafo Saldaña informa que a França tem 6,2  milhoes de muçulmanos ( 10% da população). Mas vale lembrar que, não por isso, é um estado islâmico. Há mais de um século, trata-se de uma Republica laica, com valores, tradições e princípios que valem para todos os que vivem aqui. Também tem suas leis, às quais pode-se recorrer quando preterido no seu direito legal.
Injustiça, racismo, preconceito, pobreza, que convergem sempre para criação de « cidadãos de segunda classe », infelizmente existem na França. Mas, nesse contexto, o lugar dos muçulmanos por aqui não é diferente do relegado a outras « minorias » pelo mundo. Talvez seja até melhor do que a realidade desses povos e de outros em outros paises. Mas, claro, precisa mudar.
Contudo, a França abriga a maior população de muçulmanos da Europa. E qual seria a razão? Porque, vindos das ex-colonias, viraram párias da sociedade, privados do acesso à saúde e educação pública, dos beneficios sociais, de oportunidades de  trabalho, impedidos de professar sua fé? Falso. Sei apenas da interdiçao do véu integram (burca) e da poligamia.
Mas talvez seja o caso do autor da « peça » concordar com as duas coisas, assim como advoga a existência do princípio da religião muçulmana de que o profeta Maomé não pode ser retratado « de forma nenhuma ». Nos estados islâmicos pode ser. Na França, não. O principio aqui é que os franceses podem desenhar e falar o que quiser. Para reprimir erros, existem as suas leis e à justiça cabe julgar.

Imprensa satirica francesa

A mídia francesa não poderia ser diferente. Ela também tem os seus princípios, que não são os mesmos dos países anglo-saxonicos, do Brasil ou dos estados islâmicos, por exemplo. Normalmente, se preserva  a vida privada, não símbolos. Pelo que representam, a imprensa satírica, notadamente Charlie Hebdo, não costuma ser exatamente simpática com  padre,  rabino, Papa, Maomé, Jesus Cristo, Charles de Gaule, Sarkozy, François Hollande, Angela Merkel (bref…). E é bem verdade que não se « ataca » somente a estes.
A primeira impressão, entretanto, pode ser enganosa. A intensão nao é atingir forçosamente personalidades publicas, politicas ou divindades, mas sim o que representam ou possam eventualmente representar.
Tambem não seria por causa dela que « os muçulmanos não estejam igualmente inseridos na sociedade francesa.” Nem o motivo pelo qual “a maioria é pobre, relegada à condição de cidadão de segunda classe, vitimas de preconceitos e exclusoes”, como sugeriu o autor do artigo.

Fake

Mas pasmem, essa e outras afirmaçoes colocodas « entre aspas » foram suprimidas do texto abrigado no blog leonardoBOOF.com, pretensamente, reconhecido como de autoria do tal El Rafo Saldaña e difundido através do facebook, algum tempo depois da primeira publicaçao.
Nele, o individuo também considera as charges de Charlie “perigosas” e “criminosas”, por dois motivos: a “intolerância” e por “tentar impor os valores ocidentais ao mundo todo”. Afirma ainda: “atacar a cultura alheia sempre é um ato imperialista”, em outro pedaço igualmente retirado do mesmo texto.
Charb, Cabu, Wolinsk, Tignous e Honoré, mortos no atentado terrorista à sede de Charlie Hebdo, jamais dariam atenção a opiniões imbecis,  vindas de quem quer que fossem e, mais ainda, de desonestos protegidos pelo anomimato ou dissimilados em falsas identidades. Eles estao entre os melhores cartunistas do mundo. Ponto.

Os vermes e seus delirios criminosos

Ja os que se prestam a tal coisa, sao vermes rastejantes, que nao hesitam em se apropriar do nome de um intelectual da estatura de Leonardo Boff, ex-religioso e um dos expoentes da Teologia da Liberdade, para espalhar seus delírios criminosos.
Em outro trecho retirado do primeiro post supostamente reproduzido por Boff em seu blog pessoal,  o mesmo El Rafo Saldaña faz um paralelo entre Charlie Hebdo e fatos recentes do Brasil, se dizendo « constrangido »  quanto aos “atentados à verdade, à boa imprensa, à honestidade, que a revista Veja, a Globo e outros veículos da imprensa brasileira promoveram nesta última eleição”.

« Queria que evoluissem »

Mas pondera que cartunista nenhum merecia um tiro. Afinal, “ninguém merece”, mas “queria que evoluíssem, que mudassem”. Em outras palavras, desejando que Charlie deveria ter se transformado na “boa imprensa”.
Para isso, dizia ainda, bastava que os tribunais franceses, “famosos pela xenofobia e intolerância”, fossem isentos. E lastimava o fato que o STF no Brasil  “ foi parcial nas ultimas eleições e, no julgar com dois pesos e duas medidas caos de corrupção de políticos do PSDB ou do PT, dar ganho de causa para a revista Veja”.
Mas não pára por ai. Considerava que faltou punição ao primeiro excesso, com a qual o atentado terrorista ao jornal poderia ter sido evitado. Tao Bonzinho.
Mais tarde, percebendo a  burrice de tentar subestimar a inteligência dos outros, o falsário apaga mais um trecho de seu artigo e no lugar inseri  acusações de racismo dirigidas a Danilo Gentille e aos trapalhões, estes ultimos a partir de uma entrevista de Renato Aragão à revista Playboy.

Censura

“E isso é censura”, pergunta, para ele mesmo responder: “Sim, isso é censura. “Um dos significados da palavra censura é repreender”, explica: “Quando se decide que você não pode sair simplesmente inventando histórias caluniosas sobre outra pessoa, isso é censura. Quando se diz que determinados discursos fomentam o ódio e por isso devem ser evitados, como o racismo ou a homofobia, isso é censura. Ou mesmo situações mais banais: quando dizem que você não pode usar determinado personagem porque ele é propriedade de outra pessoa, isso também é censura. Nem toda censura é ruim… ”Esta parte, foi mantida o tal El Rafo Saldaño achou por bem conservar. Vai entender cabeça de louco, fanático.

Questao de Policia

Para o momento, a questao que se impõe já não é somente de divergências de opiniões sobre a linha editorial do jornal francês Charlie Hebdo, decapitado de seus melhores colaboradores por conta do atentado terrorista à sua sede, no ultimo dia 7 de janeiro, em Paris. Virou caso de Policia.
O individuo que assina como EL Rafo Saldaño, muito provavelmente, usurpou a identidade de Leonard Boff, se utilizando da crebibilidade e respeitabilidade do intelectual, para convencer e enganar os mais desavisados.

Mostro a cara

Infelizmente, nao salvei o referido texto compartilhado em alguns perfis do facebook, como prova tenho apenas o « print » » da publicaçao registrada às 9h20 do dia 10/01/2015.  Mas nao temo consequencias. Mantenho as minhas afirmaçoes por um dever de consciência e de justiça, mas também na esperança que as pessoas enganadas na sua boa-fé possam reagir.
Eu me chamo Andrea Rêgo, sou brasileira residente na cidade francesa de Lyon. Jornalista registrada da DRT-PI, filiada ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Piaui e  editora deste brasileuro.info. Nao tenho medo. Em funçao do que reputo como extremamente grave, mostro a cara.
Que o teologo Leonardo Boof, faça o mesmo, se for o caso.
As pessoas começaram a se manifestar. Temos em nosso poder o post originalmente publicado supostamente por Leonardo Boff em seu blog.

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