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Zadistes, os novos “terroristas” verdes

Publicado 13 décembre 2014 per Andrea Rego  • 2 453 visualizações

Eles têm em comum a vocação para a luta em defesa do meio ambiente e a rejeição pela evolução da sociedade ocidental. Anarco-ecologistas ou terroristas verdes, são cada vez mais numerosos a ocupar áreas de projetos. Os zadistes, como são chamados na França, se reconhecem como pacifistas, mas as autoridades do pais se inquietam com uma possível radicalização do movimento
Pelo menos três grandes obras se encontram paralisadas em função da atuação dos zadistes – neologismo criado a partir de ZAD (zone d’amenagement differé). Caso do aeroporto de Notre-Dame-des-Landes, na cidade de Nantes.
A construção do aeroporto, situado no estuário da Loire, foi interrompida em 2012, contestada por sindicatos de agricultores, associações de defesa do meio ambiente, grupos políticos e cidadãos “comuns”.
Os militantes de Notre-Dames-des-Landes estimam que o aeroporto de Nantes Atlantique é suficiente e que o novo representa um desperdício em matéria de dinheiro publico, bem como de terras agrícolas.

Parcs de Roybon

Apoiado pela municipalidade e por eleitos pertencentes a partidos de esquerda e de direita, o Center Parcs de Roybon está na mira dos combatentes do ZAD e é outro que talvez não saia do papel.
Idealizado pelo grupo Pierre & Vacances, o projeto de 150 mil hectares prevê a construção de 100 espécies de chalés, com capacidade para receber 5.600 pessoas, em torno de uma “bolha tropical”, com piscinas e jacuzzis. O problema é a localização: no meio floresta de Chabaram, região do l’Isère.
Confrontado ao aumento das contestações, o presidente socialista da região Rhône-Alpes, Jean-Jack Queyranne, pediu a suspensão do parque, argumentando “a incertitude jurídica ligada à continuidade do projeto”, que deve ocupar apenas 0, 42% da superfície total da floresta.

Sivens

Os zadistes vigiam o emprego de recursos públicos e se insurgem diante de indícios de corrupção quase sempre associados a projetos contraditórios, como o da barragem de Sivens, tomada por militantes desde o ultimo mês de setembro.
Sivens se transformou num “affair” de Estado depois da morte de um jovem manifestante num confronto entre ecologistas e policiais. O reservatório deve ocupar 40 hectares de floresta úmida.
Até o momento, persiste a indefinição por parte do governo quanto a continuidade ou não das obras. Centenas de pessoas se encontram instaladas no local. O acampamento ganhou o nome de “Cidade Forte” e os manifestantes se dizem dispostos a resistir “por bem ou por mal”.

Fundamentalismo ecológico

Na verdade, esse tipo de militante aguerrido não constitui um fenômeno novo. Tudo começou na década de 70 na Inglaterra e, em seguida, nos Estados Unidos, onde a atuação de grupos “extremistas” na defesa de causas ecológicas é bastante conhecida dos serviços de inteligência. Mas eles vêm se espalham pelo mudo e a internet tem facilitado as coisas.
As ações da Frente de Liberação dos Animais (ALF em inglês), por exemplo, são reivindicadas no Bite Black, um site internet militante que recensa, país por país, todas as manifestações ecológicas radicais. Essa “ameaça emergente” mobilizou os serviços de polícia de vários países nos 10 últimos anos.
O romancista Tom Clancy, especialista da CIA, consagrou em 1988 um dos seus livros, Rainbow Six, ao assunto. Mais recentemente, o acadêmico Jean-Christophe Rufin, então embaixador da França no Senegal, se interessou, em um estudo amplamente documentado, Le Parfum d’Adam (Flammarion, 2077), ao ativismo de ecologistas fanáticos e seus complôs.
“O FBI considera a ecologia radical como a segunda ameaça terrorista mais importante depois do fundamentalismo islâmico”, explicou o escritor.

Pacifistas

Ate pouco tempo, a França, habituada às campanhas de Brigitte Bardot, estimava-se relativamente poupada. Os autoridades do país avaliam que essa realidade tem mudado.
“O fenômeno toma amplitude” reconheceu Christian Dupouy, chefe do serviço da luta terrorista da direção geral da Policia Nacional, já em 2008, quando o escritório da filial da americana Charles River, especialista na criação de animais de laboratório, foi incendiado na cidade de Saint-German-sur-l’Abresle. A ação foi reivindicada pela ALF.
O porta voz da Associação France Nature Environnement (850 mil militantes federados em 3 mil associações), Benoit Hartmann, em entrevista ao canal France 24, discorda da avaliação dos serviços de inteligência e insiste que o movimento zadiste é constituído de pacifistas e que a filosofia esta no cerne da sua atuação. Hartmann rejeita, portanto, qualquer comparação com os extremistas do jihade.
“O movimento é composto de agricultores diretamente atingidos pelos projetos de construção, de militantes políticos e de pessoas comuns”, explicou. Segundo ele, a revolta ultrapassa os meios associativos. “A verdade é que a palavra da sociedade civil é muito pouco escutada e esta frustração se encarna nos zadistes. Se transformou num movimento social”

Diplomados e indignados

“Esses militantes são muito diversos”, afirmou Irène Pereira, socióloga especialista do militantismo e dos movimentos sociais, à France 24. “Mas o ponto em comum é que eles se definem todos como ecologistas e denunciam os projetos que tem um impacto negativo sobre o meio ambiente”, acrescenta. Não importa de onde venham, os zadistes compartilham a queixa de ver as riquezas se exaurirem e defendem o recurso a uma autonomia alimentar e um modo de vida menos consumista.
Militantes saídos da classe media, esses grupos de amantes da natureza são compostos de numerosos jovens. “No meio deles, a gente constata uma grande mobilidade e uma grande disponibilidade. Certos deles se deslocam entre os  vários agrupamentos. É um modo de vida bem especial que não corresponde ao de pessoas com trabalho estável ou com crianças”, explica Irène Pereira.
A especialista faz uma comparação com os “indignados” que ocuparam a praça del Sol em Madri, em 2012. “O método de ação é o mesmo, investem nos lugares para exprimir seu desacordo. A socióloga destaca que os jovens desse movimento são geralmente diplomados e em situação precária. “Um conjunto que degenera um sentimento de exclusão numa sociedade que termina por rejeitá-los”.