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Exposição desvenda os segredos da “toilette” francesa

Publicado 21 février 2015 per Andrea Rego  • 5 077 visualizações

Uma exposição dedicada aos hábitos da “toilette” feminina através do tempo, reunindo obras dos maiores artistas da Renascença aos nossos dias, esta à disposição do público até o dia 5 de julho, no Museu Marmottan Monet, em . A mostra faz um passeio pelas artes, desvendando um pouco da relação das e, porque não dizer, dos europeus com o banho.
Pela primeira vez um tal assunto “único e incontornável” foi apresentado sob a forma de exposição. Segundo o site do museu, as centenas de obras (pinturas, esculturas, estampas, fotografias e animadas) que refletem as práticas cotidianas e poderiam se acreditar banais ao longo dos últimos 300 anos, fazem o visitante descobrir os prazeres e uma “profundidade pouco esperada”.

Toilette seca

A coleção mostra que o banho das francesas evoluiu com o tempo e com a  sociedade. A imagem de uma mulher numa banheira cheia de espuma, que pode parecer banal hoje em dia, teria sido um choque no século XVII. A época era da “toilette seca”, quando se aplicava apenas um pano embebido de vinagre para se lavar.
O historiador do corpo, Georges Vilagarello, tem uma explicação para o que se pode chamar de aversão ao banho: “A àgua é percebida como inquietante. As epidemias fizeram com que se tivesse o sentimento de que ela propaga coisas. Quando a água é quente, abri os poros e fragiliza o corpo (…) então ela é mais ou menos longe, percebida como agressiva, como preocupante”, disse ao jornal 19/20 do canal France 3.
Sem água, utiliza-se então incenso e derrama-se muito perfume sobre o corpo. Mas ninguém, pobres ou ricos, evita as parasitas, como revela o quadro do pintor Georges de la Tour, “Femmes à puces”, onde se ver uma mulher esmagando um piolho entre os seus dedos.
A obra de 1638 faz parte de um conjunto excepcional mostrando a invenção de gestos e de lugares especificos de toilette na Europa do antigo regime, que constitui a primeira parte da exposição La toilette, naissance de l'intime, em português traduzido como « O banho, nascimento do íntimo ».

Evolução da sociedade

No século XVIII, felizmente, a água começa a fazer parte do ritual de higiene feminina, coincidindo com a aparição do « bidet » e dos pensamentos libertinos, o que não foge ao olhar atento dos artistas. É quando surgem as pinturas com cenas de toilette destinadas a ficar escondidas no espaço dedicado ao banho.
“Esses quadros, eu penso, eram comprado pelos burgueses. São peças novas e colocadas longe do espaço público (…) onde os homens vinham para olhar gravuras ou pinturas que efetivamente são transgressoras”, explica o historiador Georges Vilagarello.
No século seguinte a água torna-se indispensável ao banho das , em especial nas chamadas “maison close”. Finalmente livres na total intimidade, passa a ser um momento de se abandonar e de sonhar, inspirando artistas como Manet, Gauguim, Bonnet e Picasso.
Nem por isso pode-se afirmar que os franceses e os europeus em geral desenvolveram o gosto pela diária, como nós brasileiros. Pois, mesmo que a pintura moderna expresse a evolução dos hábitos de “toilette” e da sociedade, resta a “legenda” para a qual sempre existe um fundo de verdade que persiste ao tempo.

Este artigo também foi publicado no blog http://www.cbnewsplus.com/