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Barragem de Sivens: governo francês em impasse

Publicado 16 novembre 2014 per Andrea Rego  • 1 639 visualizações

Depois da suspensão da cobrança da chamada ecotaxa e da desativação de 173 passagens de controle, o que deve acarretar num prejuízo colossal ao estado, o governo do socialista François Hollande se ver às voltas com um novo embaraço. Desta vez, uma barragem já iniciada pode não chegar à termo na França.
Localizada no departamento do Tarn, no sudoeste do pais, a Barragem de Sivens esta com suas obras paralisadas desde o conflito entre ecologistas e forças policiais, que resultou na morte do jovem Rémi Fraisse, no ultimo dia 26 de outubro. Vários hectares de floresta já foram derrubados e o impasse longe de ser resolvido.

A previsão inicial era construir uma pequena represa no meio de uma zona de floresta inundada por um riacho. Agricultores alegaram a necessidade de assegurar o plantio de verao e os eleitos locais votaram pela ampliação do mesmo. A barragem deve armazenar 1,5 milhao de metros cúbicos de agua, com uma área ocupada de 42 hectares, mas o projeto é contraditório e não faltam denuncias de irregularidades.

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A autorização da obra partiu do Conselho General do Departamento de Tarn. Foi o sinal verde para o estado permitir que o empreendimento beneficiasse de fundos estruturais europeus e de importantes subvenções da Agência de Agua Adour-Garonne. O reservatório esta orçado em 8,5 milhoes de euros.
Apesar de manifestações contrarias à construção de Sivens, os trabalhos de reflorestamento prosseguiram até o ultimo dia 26 de outubro, quando militantes ecologistas entraram em choque com a policia. O conflito resultou na morte de um jovem de 21 anos e, mais do que uma comoção nacional, se transformou num “affair” de estado.

Saia justa – O governo demorou a reagir ao fato e, desde então, tem preferido o silêncio. Nas poucas vezes em que falou sobre o assunto, a ministra da Ecologia, Ségolène Royal, admitiu que houve um “erro de apreciaçao” do projeto, avaliado por “expertises” como superdimensionados. Segundo ainda os técnicos, a capacidade da zona de floresta úmida de atenuar enchentes e filtrar pesticidas não foi considerada.
A hesitação no caso da barragem de Sivens e do abandono da cobrança da ecotaxa, acabou reforçando a imagem negativa do governo, neste momento. No ultimo dia 06 de novembro, Hollande passou duas horas, num programa de televisão, na tentativa vã de devolver a confiança aos franceses. Pesquisa feita no dia seguinte mostrou que 78 por cento dos entrevistados nao ficaram convencidos com as explicações do presidente.
Os socialistas estão mais uma vez numa “saia justa”. De uma lado, os agricultores mobilizados querem a construção da barragem. De outro, militantes ecologistas se dizem prontos a desafiar mais uma vez as forças de ordem. Sivens, se chegar a termo, repousará sobre um cadáver. E o governo, qualquer que seja o fim, deve sair perdendo.