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Programador cria « escritório » ambulante

Publicado 21 décembre 2014 per Andrea Rego  • 4 086 visualizações

Empresas em todo o mundo estão mudando a concepção de seus escritórios e abolindo as cadeiras no ambiente de trabalho. O programador francês Benoît Pereira da Silva não é adepto da idéia de passar horas sentado em frente ao computador. Mas vai além: ele trabalha em movimento e ao ar livre, no seu escritório nômade.
Desde que começou a trabalhar no meio rural, Benoît não fica mais sentado numa cadeira. O “programador andante”, como se apresenta, imaginou um escritório com autonomia de energia que pode ir a todo tipo de terreno.
Depois de vários protótipos, ele desenvolveu um dispositivo complexo, equipado de uma espécie de carrinho, para transportar um painel solar fornecedor de eletricidade e uma bateria . O « local de trabalho » de Benoît é provido de um drône para compartilhar sua experiência.

A cadeira mata

Benoît Pereira da Silva vira « antropólogo » para defender seu projeto. Ao Le Monde, ele explica que a bipedia é uma característica física do homo sapiens e de alguns animais, sendo a nossa permanente como a do avestruz.
“Nosso corpo e nossas capacidades cognitivas funcionam da mesma maneira que nossos ancestrais. Nosso corpo biológico é aquele do tempo da evolução, mais que o do tempo das mutações técnicas ou do tempo das transformações dos modos de vida”. argumenta.
O programador não pára enquanto fala, como se essa fosse a melhor maneira de convencer, descreve o jornal francês. “Nós passamos muito tempo sentados ou deitados então que nosso corpo é de andante, adaptado ao modo de vida dos caçadores e coletores”, conta.
Para ele, esse hiato é o sinal de um problema de fundo, de ritmo entre nossos modos de trabalho e de vida. “Os trabalhadores do numérico estão todos sentados nos seus escritórios. Nossos corpos engordam. Nosso sistema linfático sai dos eixos. Os canceres e as doenças cardio-vasculares aumentam. A cadeira mata”, vaticina.

Realidade biológica

A idéia do escritório nômade começa em 2009, quando Benoît ouve falar dos “escritórios de pé” e tem acesso a testemunhos de informáticos que experimentaram o formato e também o do “escritório andante”, com a utilização da esteira rolante.
Ele também foi influenciado pelo ensaio de Fréderic Gros, Marcher, une philosophie (Mercado, uma filosofia) e pelos propósitos do doutor James Levine, que tinha publicado Get UP, contando a origem da sua luta contra a postura sentada.
Uma decisão da Corte Européia de abril de 2013, determinando que todo trabalhador possui o direito a ter acesso a uma mesa ajustável em altura para trabalhar de pé, corrobora com a idéia. Embora, a maior parte deles continue a trabalhar sentados pelo menos oito horas por dia.
Para o desenvolvimento ativo da saúde, nada mais desaconselhável. « É preciso acordar para uma transformação radical dos nossos modos de vida à nossa realidade biológica », afirma.

Caminhar é qualidade de vida

Inspirado por essas experiências, o programador se decide a começar a trabalhar de pé, depois adquiri uma esteira rolante para somente trabalhar andando.
Logo percebe que a caminhada é um esforço doce e continuado, contrário às praticas por “espasmos” (quer dizer as práticas que necessitam de um esforço curto e intenso, como a corrida, por exemplo). Andar é uma atividade lenta e continuada que se inscreve num tempo longo.
Além disso, a caminhada é uma prática inconsciente, que devolve a fome, o sono, o cansaço, melhora a circulação e consolida os músculos. Contrariamente a outras atividades esportivas, ela permite ser ativo sem ser obsessivo . Benoît perdeu 20 quilos sem fazer nenhum regime, justo andando enquanto trabalhava. Ele garante que recuperou os ciclos de sono profundo, o apetite, a qualidade de vida.

Escritório nômade

O programador ensaiou a esteira rolante no escritório, mas estava longe de ser satisfatório. Seu status de consultante, permitiu um tempo de experimentação. Ele imaginou, então, um escritório móvel para andar nos campos, sobre os caminhos.
Com a ajuda de alguns parceiros, Benoît Pereira da Silva se lança na concepção de um escritório nômade e inventa um sistema puxado por uma engenhoca com rodas e autonomia de energia, capaz de se deslocar em todo tipo de terreno.
Equipado de painel solar e bateria, o dispositivo totaliza 50 quilos. A metade da carga é puxada pelo « carrinho ». No último verão, Benoît andou 100 quilômetros na Cévennes, região no centro-sul da França, onde atua.

O futuro do trabalho

Benoît Pereira da Silva está convencido que o futuro do trabalho deve imaginar coisas compatíveis com a nossa realidade biológica .
“Nós devemos pensar em corredores de marcha para telefonar, em espaços abertos equipados de esteiras rolantes, em circuitos para caminhada, em parques e fazendas para trabalhadores ambulantes, em campos e percursos de trabalhos”, aconselha.
Os protótipos que idealiza e outros também imaginam, mostram que os escritórios devem ser aperfeiçoados. “A gente deve ainda inventar os púlpitos móveis, os habitats escritórios, os sistemas imersivos, as interfaces de interação vocal. Os empregados devem se interessar a esses sistemas”, insiste ele.
“É nosso dever inventar, experimentar, testar, incubar as idéias, as astúcias, imaginar os sistemas livres para fabricar os dispositivos a baixo custo, explica o programador, ao convidar a todos a se juntar à communauté des travailleurs marcheurs (comunidade de trabalhadores andantes).
“A caminhada é feita para nos colocar em pé e é isso que nos faz homens. Nossas tecnologias não podem nos fazer esquecer nossa corporalidade”, aconselha ele.